Desde os tempos que andava de cueca pelas ruas do interior, lembro que na escola, a primeira aula de botânica da minha vida foi sobre feijões.
A receita sempre foi muito simples: um potinho ou copinho com um pedaço de algodão molhado e alguns feijões, quando não eram vários (os mais aloprados). E então, eu via o pé de feijão crescer. Um vida de um planta através de uma sementinha bem pequena, um grão.
Os tempos se passaram e eu lembrei dos tempos dos feijões em algodão, mas resolvi seguir adiante e plantar o feijão na terra, algo que se faz comumente em monoculturas de feijão, pra ter uma real noção do desenvolvimento da plantinha. Então o pezinho nasceu, cresceu, deu flores e uma vagem com vários grãos de feijão preto que eu devolvi pro pote onde eram guardados na minha casa.
De uns tempos pra cá, tudo mudou na minha vida. Resolvi viver do jeito que era o meu certo ou quase certo, a minha verdade com a coragem que eu tinha. Beijei, fiquei, namorei, encontrei, perdi, fui atrás de um sonho, conquistei e ainda continuo conquistando, um dias mais, outros dias menos, mas seguindo em frente, às vezes eu apaixonei, às vezes eu lutei intensamente pra desapaixonar, mas só pra tentar encontrar uma nova paixão. Conheci muita gente. Gente boa, gente ruim, conheci grandes amigos, tive experiências inigualáveis, já andei até de viatura, lutando até o último minuto pelo o que eu acho que é correto. Perdi minha virgindade, aos 20 anos e há quem pense que foi tarde, mas eu só acho que foi no momento certo, depois disso fiz sexo bom, outros ruins, fiz loucuras que não imaginava, mas aproveitei bem a minha infância, aliás, continuo aproveitando até hoje.
Adoro quando admiram minha coragem que nem acho que foi muita, mas a diferença é que eu peguei ela e vivi e a maioria deixa escondida. Apenas peguei uma coisa que a minha mãe me ensinou, mesmo com todas as coisas tortas dela, de seguir meu sonho e minha verdade. E assim vai ser, "ao infinito e além".
A verdade é que adoro ser elogiado, mas normalmente acho que estão exagerando demais. Alguns desses elogios eu uso pra mim. E dessa forma criei uma boa auto-estima, tanto que às vezes fico me seduzindo no espelho.
A minha arte será sempre minha. Adoro pintar a parede do meu quarto, cantar durante a aula ou pela rua, entre os que dizem que eu canto bem e os que dizem que eu sou um completo desafinado, mas "os desafinados também têm um coração". Meu ócio criativo é fantástico, fiz meu armário com caixotes, uma horta com garrafa PET. Risquei, rabisquei, escrevi.
No fim, eu plantei do jeito que eu achava que era o certo, plantei 8 grãos e por enquanto apenas 2 prosperaram.
O que fica ou o que realmente importa é que alguns param em um estágio, mas eu resolvi seguir.
Talvez eu consiga uma vagem...